Qual é a verdadeira lição que podemos extrair da história de Jonas?
- Diego Ferreira
- 18 de jul. de 2019
- 3 min de leitura
Facilmente podemos cair no erro de interpretar erroneamente o principal objetivo do livro de Jonas. Ao ouvir seu nome, automaticamente podemos imaginar a cena do grande mar bravio, um grande peixe (em algumas traduções é descrito como uma grande baleia) e o mesmo sendo engolido, ficando encarcerado em seu ventre por cerca de três dias e três noites.
Contrariando a "visão popular", o breve livro vai muito além dessa atípica história e nos trás lições valiosas, que os olhos e as mentes mais desatentas infelizmente não conseguem discernir.
Qual era o cenário?
Nínive (no original: grande cidade) era a capital da antiga Assíria, que ficava localizada as margens do Rio Tigre. Naquela época, os assírios já se mostravam como uma grande ameaça militar para a nação de Israel. A historia conta que eles eram sanguinários e cruéis. Chegando a criar monumentos e inscrições descrevendo a matança de seus inimigos.
Era nesse contexto que Jonas estava inserido, após ser engolido pelo peixe e passar os três dias e as três noites dentro de seu ventre.
O povo respondeu prontamente.
Reconhecendo que era necessário fazer o que Deus ordenara, foi vomitado em terra firme (Jn 2:1-10).
Pela segunda vez a palavra do Senhor veio a Jonas, que percorreu a cidade durante um dia inteiro dizendo: " que em quarenta dias Nínive seria destruída" (Jn 3:4). Os ninivitas logo reagem a mensagem, crendo em Deus e apregoando um jejum que se estendia até os animais. Vestidos de pano de saco, o rei instaura um pedido de perdão e reconhecimento.
"Cubram-se de pano de saco, homens e animais. E todos clamem a Deus com todas as suas forças. Deixem os maus caminhos e a violência. Talvez Deus se arrependa e abandone a sua ira, e não sejamos destruídos". Jonas 3:8,9
Em poucas palavras, vemos como foi importante a ida de Jonas até aquela grande cidade e de sua obediência.
O Senhor já sabia o desfecho de todos aqueles acontecimentos. Ele amava Nínive e desejava salva-la!
Deus viu o que eles fizeram e como abandonaram os seus maus caminhos. Então Deus se arrependeu e não os destruiu como tinha ameaçado. Jonas 3:10
Aqui outra vez as Escrituras Sagradas evidencia a misericórdia divina em relação à povos estrangeiros que se arrependessem e se voltassem para Ele (Rute é um grande exemplo).
Infelizmente Jonas se enfurece, descontente com a atitude de Deus deseja a morte (Jn 4:1-3).
Através de uma planta que Deus faz crescer para trazer sombra e alívio ao profeta, Jonas é tomado de grande alegria. Mas, na madrugada seguinte a planta é atacada por uma lagarta enviada por Deus, vindo a secar. Ao nascer do sol, um vento oriental muito quente vem sob Jonas a ponto de quase desmaiar, que enfurecido deseja a morte outra vez (Jn 4:6-8).
De uma forma bastante didática, Deus ensina a Jonas que haviam 120 mil pessoas naquela cidade, além de muitos rebanhos. A planta que Jonas tanto estimou não havia sido cuidada e nem podada por ele, sendo assim "Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?" Jn 4:11c
É com essa pergunta confrontante feita pelo próprio Deus que se encerra o breve livro.
Jonas através de sua atitude deixa claro o tipo de conduta que não devemos ter em relação àqueles que nos fazem algum mal.
Entendendo o contexto, fica claro que a atitude de fugir por parte de Jonas não foi por medo (como alguns expositores e ministros costumam afirmar), mas sim por desprezo e egoísmo, pois em seu intimo já imaginava que Deus usaria de benevolência para com aquele povo caso se arrependessem (Jn 1:1-3/ 4:2).
Jesus disse que "devemos amar os nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem" (Mt 5:44).
Ele não queria compartilhar a misericórdia e o perdão com o qual foi alcançado com os seus inimigos (Jn 3:10/ 4:1), ele desejava que a cidade fosse completamente destruída (o que de fato aconteceria caso não houvesse arrependimento) (Jn 3:2-5), já que provavelmente poderiam se voltar contra o seu povo ou até mesmo matá-lo.
Deus desejava que não apenas os ninivitas se arrependessem, mas que Jonas sofresse uma mudança interna em seu caráter. O profeta deveria adquirir em sua vida uma atitude semelhante à de Deus em relação aos inimigos! No Novo Testamento, Jesus chega a citar Nínive como exemplo de arrependimento (Mt 12:41).
A obra da cruz deve ser evidenciada através das nossas atitudes e não somente dos nossos discursos. A transformação começa primeiro em nós. Apesar do amor ser amplamente falado, devemos exercitá-lo ainda que aparentemente o outro "não mereça".

Comentarios